quarta-feira, 5 de maio de 2010

Amor

Uma crônica de uma vida apenas imaginada.

Morto
Afogado no seu próprio sangue.
Mordeu a língua como única solução.
E teve uma força de vontade que nunca demonstrou antes.
Para que não virasse a cabeça e não cuspisse o sangue que o afogou.
Foi firme até o fim, ou só no fim.

Vício

Assim foi tachado seu comportamento.
No início era bom e bem medido.
Nas porções exatas e funcionava bem.
Mas cada vez precisava de mais.
Passou a ser obcecado, ou viciado.

Amava, apenas isso.

Não houve entendimento, no inicio, da parte não envolvida diretamente
Mas quando passou a não ser compreendido pelo objeto de vicio,
Passou a ser viciado de verdade, ou passou a se enquadrar no esteriótipo.

Começou mentindo e fingindo.
Enganando para sempre ter mais.
Primeiro roubou, depois matou, e roubou de novo e matou pra roubar e já não sabia mais o que fazia ou por que fazia.

Foi preso, internado se tratou com uma substituta.
Prostitutas, álcool, e tudo que contem ina, de cafeina a heroína.
Mas nada satisfazia, só o pecado original, o vicio primário, nada além disso satisfaz.

Por fim trancafiou-se em seu mundo, seu quarto de hotel barato.
A amizade que ainda restava, proveniente de sua generatriz, o prendeu na cama.
Braços amarrados.
Pernas presas firmemente.
Comida três vezes ao dia e mais nada.

Não funcionava nada, seu corpo não poderia ser mais limpo.
Estava impregnado, sabia disso...
Sabia muito bem.
Sabia que nem após a morte se livraria da maldição que é o dom de amar.

Então entre o almoço e janta partiu a língua ao meio com uma mordida.

Afogado no seu próprio sangue.
Mordeu a língua como única solução.
E teve uma força de vontade que nunca demonstrou antes.
Para que não virasse a cabeça e não cuspisse o sangue que o afogou.
Foi firme até o fim, ou só no fim.